terça-feira, 9 de agosto de 2016

Mindfulness nas empresas

    Foto: Arthur Nobre

Acontece sempre ao meio-dia. Na sala com iluminação reduzida, o grupo se reúne. Aos poucos, cada um se acomoda em uma posição confortável, entre almofadas. Todos fecham os olhos e se concentram nas próprias respirações. 

Menos de meia hora depois, a turma abre os olhos e se levanta. Pronto. Todos estão renovados para encarar o resto do dia de trabalho – que, aliás, os aguarda do outro lado da porta.
É assim que funciona o grupo de meditação do Google. De segunda a sexta, antes do almoço, até 15 funcionários do site de buscas se isolam por 20 minutos em uma sala, que lembra uma choupana, na sede da empresa, em São Paulo. 

Nesse período, essa pequena turma se dedica a exercícios que buscam acalmar a mente e aumentar o foco. Quem participa dessas sessões garante que, após as pequenas pausas, tem um dia mais produtivo e menos estressante.
Hoje, a esse tipo de atividade dá-se o nome de mindfulness. A expressão foi traduzida no Brasil como “atenção plena”. Ela tem origem na meditação budista. No mindfulness, contudo, ela é dissociada do cunho espiritual ou religioso geralmente vinculado à prática. 
A técnica despertou o interesse de acadêmicos nos Estados Unidos durante os anos 70. Começou a ter seus efeitos pesquisados por Jon Kabat-Zinn, da Universidade de Massachusetts, e Ellen Langer, de Harvard. Kabat-Zinn criou um programa de redução de estresse baseado na meditação mindfulness e fez pesquisas na área da saúde, estudando sua utilização em pacientes com câncer e doenças crônicas. 
Nos últimos dez anos, o mindfulness vem avançando sobre o ambiente corporativo. Hoje, a seguradora Aetna, o LinkedIn, a gestora de fundos BlackRock e o banco Goldman Sachs estão entre as companhias que aderiram a esses exercícios nos Estados Unidos. No Brasil, o método ainda é pouco conhecido. O Google é uma das poucas empresas a adotá-lo, ainda assim por influência da sede americana.
Não é para todos...
É claro que nem todo mundo quer passar 15 minutos entre exercícios de meditação. Para muitos, esse tipo de atividade soa como perda de tempo e pensam que a empresa é um ambiente inapropriado para praticá-la. “Tem limitações. Algumas pessoas vão achar isso chato ou cansativo”, afirma Tiago Tatton, psicólogo com especialização em mindfulness.
A questão que fica é: afinal, funciona ou não? Para muitos, sim. Steve Jobs, por exemplo, meditava. Ao seu biógrafo, Walter Isaacson, ele disse que o exercício de ouvir os próprios pensamentos e tentar acalmar a mente aflorava a intuição, permitia enxergar as “coisas” (leia-se tudo) com mais clareza. Ou seja, com base no que ele produziu, mal não deve fazer. Vai ver que, por isso mesmo, essa onda de “meditação corporativa” só faz crescer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário