quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A falta de empatia e a superficialidade das relações

     
  
     Empatia significa a capacidade psicológica de tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que o outro indivíduo sente em determinada situação. 
     A capacidade de se colocar no lugar do outro faz com que tenhamos a abertura para ouvir as várias respostas para uma mesma pergunta e entender que não há verdade absoluta. Que a sua necessidade não é menos importante que a do outro.
    Juntamente com o desenvolvimento das tecnologias e dos meios de comunicação, as interações entre os indivíduos têm sofrido mudanças, que expressa um sentimento social vigente: nos tornamos uma sociedade desapegada e sem empatia.
     No dicionário “desapegado” significa “desunido, desafeiçoado”, e o desapego é sinônimo de falta de afeição e de amor. 
     Atualmente, algumas relações podem ser descritas da seguinte forma: teve alguma frustração com uma pessoa? Descarte-a da sua vida, delete das redes sociais, mande os emails dela automaticamente para a lixeira, não atenda suas ligações ou não responda as suas mensagens. 
     Resumindo, a sociedade reforça cada vez mais o individualismo, a indiferença, o “desapego” e a superficialidade das relações. Desde que “eu” esteja bem não importa o que o “outro” está sentindo. 
     Diversas vezes, somos “descartados” da vida das pessoas como se nunca tivéssemos feito parte dela, sem uma explicação, justificativa ou diálogo. A palavra, “desapego”, nos incita a não criar vínculos, a ser indiferente, a substituir e esquecer a pessoa sem a necessidade de uma justificativa.
     Interagir com novos indivíduos e criar com eles os mais variados tipos de vínculo tem se tornado uma tarefa cada vez mais simples e, considerando a abundância de pessoas que partilham das mesmas intenções, a ação de descartar uns aos outros se dá com a mesma facilidade.
     Cada um pensa na sua satisfação pessoal e na resolução dos problemas que unicamente o incomodam, de forma que não há um olhar contemplativo em relação ao todo, para que possamos enxergar que a vida não se circunscreve apenas a nossa existência e que as outras pessoas também têm problemas e dores, já que são seres humanos como nós também somos.
     As pessoas se tornaram meros perfis, e a representação do eu é caracterizada por uma página na rede social, onde as informações são editadas de acordo com a vontade do indivíduo, para que os outros o vejam de acordo com essa construção manipulada. 
     Esta nova realidade desempenha um papel fundamental na superficialidade das relações. Dessa forma, para que se possa ter empatia, antes é necessário fugir do senso comum, que prega valores individualistas. Atualmente, é difícil encontrar pessoas que realmente possuem a capacidade de colocar-se no lugar do outro. Pessoas que vão além da simpatia, que é importante, mas que não supre de modo algum a falta da empatia.
     Precisamos nos lembrar que as pessoas não são os seus perfis nas redes sociais, que todos nós temos momentos felizes, de paz, de tranquilidade e que também temos momentos de dor, de sofrimento e de angústias. 
     Todos nós caímos e não há motivo para desespero, pois o fardo que parece insuportável, outros já suportaram. Além disso,  não é necessário carregá-lo sozinho, procure alguém para dividir esse fardo e ajudá-lo a sair dessa situação.
     Assim, ter empatia é ter o coração aberto para outra vida que precisa de nós naquele momento. É saber que naquele lugar poderia ser eu, você ou qualquer um. 
     
     



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